segunda-feira, 4 de julho de 2011

Empresas suspeitas farão obra do metrô

Folha de S.Paulo



A linha 5-lilás do Metrô será construída por sete consórcios suspeitos de terem feito um acerto para dividir a obra. A decisão foi tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e anunciada ontem pelo presidente do Metrô, Sérgio Avelleda.
A suspeita de conluio foi revelada pela "Folha de S.Paulo" em 26 de outubro do ano passado. Um vídeo e um documento com firma reconhecida em cartório anunciavam com seis meses de antecedência quem seriam os vencedores dos lotes três a oito da linha 5-lilás.
"Os indícios de conluio não se transformaram em provas", disse o presidente do Metrô. "Sem provas, a administração não pode anular a licitação".
Se o governo anulasse a concorrência, segundo ele, havia o risco de as empreiteiras entrarem na Justiça com um pedido de indenização.
Esse mesmo argumento foi usado pelo Metrô para reativar contratos com a Alstom que haviam sido assinados há 15 anos e não tinham mais validade, segundo especialistas em licitação.

Suspeitas
A Corregedoria Geral da Administração analisou a reportagem no ano passado e chegou à conclusão de que havia suspeita de conluio. O então governador Alberto Goldman mandou suspender a licitação. O Metrô pediu ao Instituto de Criminalística para analisar o vídeo e o documento com firma reconhecida que antecipavam os vencedores.
O vídeo foi gravado à frente de um telejornal da Rede Globo, como prova do dia em que foi produzido. Os peritos concluíram que o vídeo e o documento não podem ser tomados como provas irrefutáveis.
Sobre as imagens gravadas, o perito do IC diz: "as informações cronológicas [datas] exibidas no vídeo podem ser alteradas, ou previamente gravadas, por pessoas com conhecimento de informática". O órgão não prova, porém, que houve essa fraude.
As conclusões do Instituto de Criminalística são idênticas às de laudos encomendados pelas empreiteiras. O Metrô diz que os laudos privados não foram usados.
A linha 5 vai ligar a Chácara Klabin, na Vila Mariana, à estação Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro. Está orçada em R$ 4 bilhões e deve ficar pronta em dezembro de 2014.

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