Renato de Almeida
Diário de Mogi.
Apesar de não ter interrompido a passagem dos trens junto à Estação Ferroviária de Jundiapeba, como era planejado, os participantes de um protesto contra a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) não deixaram de marcar, na tarde de ontem, a data em que se completa um mês da morte do garoto Breno Gabriel Gomes dos Santos, de 9 anos, atropelado por uma composição no local. Nem mesmo a chuva que caía impediu que fossem reunidas cerca de 70 pessoas para a atividade que, além de homenagem o garoto, serviu como um apelo por mais segurança na passagem de nível do Distrito.
O grupo se concentrou por volta das 13 horas na Praça Veteranos da Guerra, de onde seguiu até a estação, carregando cartazes, gritando palavras de protesto e cantando músicas evangélicas. O ponto alto da atividade foi quando a família de Breno, amigos, vizinhos e demais moradores do Distrito, ocuparam a passagem de nível, jogando flores pelos trilhos, em homenagem ao garoto.
A ação foi bem rápida, durando aproximadamente dois minutos. Segundo os organizadores da manifestação, a ideia de interromper a passagem do trem foi descartada como condição para que o acesso à estação e aos trilhos não fosse impedido pelos policiais rodoviários ali presentes.
No dia 20 de julho, o menino de 9 anos havia passado por um dos vários vãos dos muros próximos à passagem de nível, para resgatar sua pipa, quando foi atingido pelo trem e morreu. A CPTM tapou estes buracos no muro anteontem, conforme noticiado por O Diário. Contudo, a população ainda exige a troca da cancela existente atualmente, por uma com grades, para ampliar as condições de segurança dos pedestres que usam o acesso diariamente.
"Estou muito triste ainda. Eu peço justiça. Destas crianças que estão participando da homenagem, muitas delas eram amigas do Breno e brincavam com ele naquele mesmo lugar. A CPTM tapou os buracos apenas 30 dias depois da morte dele, mas ainda não é o suficiente. O que esperamos agora é que seja instalada a cancela com grades, para trazer mais segurança para todos que passam por ali", disse ainda muito abalada a mãe da vitima, Simone Aparecida Gomes.
Quem também estava muito emocionada era a avó, Maria Madalena da Silva. "Ele só tinha nove anos e foi assim, de repente. Espero que a CPTM tome mais cuidado com a passarela, para que não ocorram mais acidentes como este. Queremos justiça e segurança. Nenhuma outra mãe ou avó merece sofrer tanto assim nesta vida", destacou.
Entre os manifestantes, também estava a dona de casa Dalva Ineide dos Santos, vizinha da família de Breno, que guarda várias lembranças boas do menino. "Ele era um menino muito sorridente, brincava sempre com o gato que tenho em casa. Era uma criança muito inocente, que se foi pela falta de segurança", lembrou ela, que também fez seu apelo. "A CPTM não tem ninguém fazendo o trabalho de fiscalização para providenciar os reparos dos buracos que se abrem. Falta muito a ser feito pela segurança, pois sabemos que ninguém consegue segurar uma criança. Apesar da chuva de hoje, achei muito importante participar do protesto. Eu tenho três netos e, infelizmente, este é um problema que poderia ter acontecido com qualquer criança".
Um processo pedindo uma indenização mínima de R$ 500 mil, por danos morais, está sendo movido pela família de Breno desde a semana passada. O advogado que acompanha o caso é Marcos Soares, presidente da 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mogi. Esta é uma manifestação muito válida, que se trata da insatisfação popular diante da omissão da CPTM, que tinha a obrigação legal quanto à segurança na linha do trem, mas não a vinha cumprindo como deveria. O motivo da indenização é tanto tentar compensar a família pela perda do filho quanto aplicar uma punição à CPTM", explicou.
Para evitar transtornos durante o protesto, a empresa colocou no local 10 policiais ferroviários e, segundo a estatal, há agentes assumindo este posto diariamente. Após tapados os vãos nos muros, a CPTM informou tem realizado constante modernização das cancelas da linha 11-Coral, mas não há previsão para que seja trocado o equipamento em Jundiapeba.
Trem de carga
Soares anunciou ainda que está marcada para o dia 6 de outubro, às 14 horas, no Fórum de Mogi das Cruzes, a audiência final do caso do atropelamento dos jovens Diego Aparecido Marcelino e Wilian Monteiro Oliveira por um trem de carga, em 2008. Cada um deles teve uma das pernas amputadas após serem atingidos por uma composição da empresa MRS Logística, em 2008, em Sabaúna e exigem exigem indenizações de R$ 750 mil por danos morais para cada um
Nenhum comentário:
Postar um comentário