Ministro Alfredo Nascimento (Transportes) se diz "à disposição" para prestar esclarecimentos
O Ministério dos Transportes, por meio de nota, informou que o ministro Alfredo Nascimento assinou uma portaria nesta segunda-feira (4) que institui a comissão de sindicância investigativa para apurar as supostas irregularidades denunciadas por reportagem da revista "Veja" na edição desta semana. A publicação acontece amanhã (5) no Diário Oficial da União. Mais cedo, a oposição havia cogitado a convocação de Nascimento para prestar esclarecimento no Congresso.
A comissão terá 30 dias para concluir a apuração. O ministro ainda expediu um pedido à CGU (Controladoria Geral da União) para instaurar auditoria sobre os contratos mencionados na reportagem, que aponta que servidores da pasta e de órgãos vinculados ao ministério estariam envolvidos em um esquema de superfaturamento e cobrança de propinas em obras do setor.
De acordo com a nota, Nascimento se colocou "à disposição das Casas do Congresso Nacional para prestar os esclarecimentos desejáveis ao pleno afastamento de quaisquer suspeitas que possam pairar sobre a atuação da Pasta".
O ministro reiterou que os trabalhos da comissão de sindicância não deverão interferir na rotina de trabalho do ministério.
Envolvidos em denúncias são substituídos
A diretoria geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) ficará sob responsabilidade do atual diretor-executivo, José Enrique Sandok. Na presidência da Valec Engenharia, vai ficar o atual diretor financeiro, Filipe Sanches, que acumulará as duas funções. E o atual assessor especial do ministro, Wilson Wolter Filho, assume a chefia de gabinete.
Os nomes foram divulgados pela assessoria do ministério, a qual não detalhou os critérios para as trocas efetuadas.
CGU
Em nota divulgada hoje, a CGU afirma que começou hoje a fazer um trabalho de "análise aprofundada e específica" em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias recentes sobre irregularidades no Ministério dos Transportes e órgãos a ele vinculados. A investigação foi determinação da presidente Dilma Rousseff e do próprio ministério, afirma a nota.
A presidente Dilma e Nascimento conversaram hoje sobre o assunto, mas a presidente reforçou seu apoio ao ministro. A posição oficial, repassada pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, é de que o governo tem confiança no ministro dos Transportes, que é responsável pela condução do processo de apuração das denúncias.
Em caráter preventivo e até a conclusão das investigações, Nascimento ordenou o desligamento temporário de seu chefe de gabinete Mauro Barbosa da Silva, do assessor Luís Tito Bonvini, do diretor-geral do DNIT, Luís Antônio Pagot, e do diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.
O ministro disse em nota que o afastamento dos funcionários é para “garantir o pleno andamento da apuração e a efetiva comprovação dos fatos imputados aos dirigentes do órgão”.
Repercussão
O secretário-geral do PR, o deputado Valdemar Costa Neto, disse em nota que o a legenda irá entrar na Justiça contra a revista e os jornalistas que escreveram a reportagem. Neto afirmou ainda que a Executiva Nacional do PR é favorável a uma investigação sobre o caso para "ficar provada a inocência dos republicanos afastados".
Já o senador Magno Malta (PR-ES) defendeu uma “apuração rigorosa com punição exemplar”.
Mesmo com a afirmação de Nascimento de não ter relação com qualquer irregularidade, nos bastidores, o comentário é de que a “confiança” para a manutenção dele no posto se estremeceu.
CPI
A oposição estuda a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar o caso, mas, para isso, será necessário ir à caça de assinaturas que garantam a abertura da comissão, em uma semana de baixa expectativa de quórum por conta do luto oficial decretada pela morte do senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS-MG).
Do UOL Notícias.
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